Lanço hoje uma nova seção no Todoprosa, chamada “Que cena!”. Durante alguns anos, os “Começos inesquecíveis” – posts em que eu apresentava trechos iniciais marcantes de grandes romances, acompanhados de breves comentários que davam pistas sobre o porquê de sua permanência – foram os mais visitados e linkados do blog. O sucesso, imagino, teve tanto a ver com a qualidade dos começos em si quanto com a sede de informação de um país que, em grande parte, mal começa a aprender a ler. Os “Começos inesquecíveis” passaram a ser tomados por muita gente como indicadores de leitura, com a vantagem de já virem com amostras do estilo de cada autor. A seção chegou ao fim naturalmente, de puro cansaço. Seria absurdo sugerir que esgotaram-se os bons começos disponíveis na literatura universal. O que passou perto de se esgotar foi a reserva dos começos que marcaram minha memória de leitor – e a ideia sempre foi partir da experiência pessoal, tentar compartilhar um prazer a quente em vez de ensinar uma matéria a frio. A seção “Que cena!” se baseia numa ideia semelhante: publicar pequenos trechos especialmente marcantes de grandes livros, agora extraídos de qualquer ponto, começo, meio ou fim. Trata-se…
Até o fim da Copa do Mundo, que estou cobrindo para VEJA, o blog traz uma seleção de posts de outras jornadas. O artigo abaixo foi publicado em 29/6/2011. . Antes do tsunami digital, o poder pertencia aos detentores da informação. Agora, com a informação mais desvalorizada que cruzados e cruzeiros nos anos Sarney e Collor, a moeda em alta será cada vez mais a capacidade de concentração – aquela exigida por exemplo de quem mergulha na primeira página de um livro para emergir na última, sem parar dez mil vezes no meio do caminho para conferir o e-mail ou se divertir com vídeos virais no YouTube. Parece um paradoxo, mas não é. O turbilhão das informações online é superficial para quem o consome, não para quem o produz. Toda horizontalidade tem uma dimensão vertical que a sustenta: o vídeo viral que se engole em um minuto e meio exigiu tempo e concentração de seu autor ou autores. A capacidade de imersão atenta e refletida que o mundo digital parece disposto a aniquilar é, no fundo, um dos pilares de sua linha de produção. Uma pesquisa feita no mês passado nos EUA pela Nielsen apurou números interessantes: a maior parte…
De hoje até o fim da Copa do Mundo, que cobrirei para VEJA, o Todoprosa trará uma seleção de colunas de outras jornadas. As duas abaixo foram publicadas em 9 e 11 de janeiro de 2012. . “A geração superficial – O que a internet está fazendo com os nossos cérebros” (Agir, 384 páginas) é o livro que consolidou a posição do jornalista americano Nicholas Carr como principal crítico cultural do mundo digital. O livro nasceu de um artigo polêmico que Carr publicou em 2008, chamado “O Google está nos deixando burros?”, comentado na época aqui no blog. A tese central é a mesma: ao nos ensinar a ler de outra forma – veloz, horizontal, volúvel, interativa, baseada na satisfação imediata –, a tecnologia digital está reprogramando nossas mentes no nível bioquímico, devido a uma característica do cérebro chamada neuroplasticidade. Em consequência disso, a capacidade da espécie de acompanhar raciocínios longos e mergulhar sem distração na solução de um problema complexo pode estar simplesmente em vias de extinção. Se a ideia central já constava do artigo de 2008, “A geração superficial” sustenta o pessimismo de seu autor com uma impressionante variedade de informações históricas, científicas, econômicas etc. Consegue manter no…
Escrevi o artigo abaixo por encomenda da revista literária colombiana “Arcadia”. Com tradução de Camila Moraes, ele saiu no número que está nas bancas como parte de uma série de textos assinados por dez escritores, cada um de um país que disputará a Copa do Mundo: Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, França, Inglaterra, Itália, México, Portugal e Uruguai, em ordem alfabética na edição. A ideia era que cada um evocasse, “em forma de memória literária, sua relação com a seleção nacional”. * No livro “Febre de bola”, o escritor inglês Nick Hornby fala de como ficou impressionado quando, criança, viu jogar a seleção brasileira de Pelé, Tostão, Jairzinho e Rivelino na campanha do tricampeonato mundial, em 1970. Bem, ele não estava sozinho. A contribuição original de Hornby ao pasmo mundial diante da superioridade daquela equipe é uma metáfora infantil surpreendente: para ele, o futebol apresentado pelo Brasil no México lembrava “o Rolls-Royce cor-de-rosa de Penélope Charmosa e o Aston Martin de James Bond, ambos equipados com artefatos sofisticados, tais como assentos ejetáveis e armas ocultas, que os colocavam acima da banalidade entediante”. Não sei se leitores mais novos conseguirão captar o encanto singelo dessa imagem de futurismo datado. Para mim, nascido…
Você já encontrou a afirmação por aí: “É mais difícil escrever um conto do que um romance”. É possível até que a tenha encontrado tantas vezes que já a considere uma daquelas profundas verdades contraintuitivas da existência. Algo como o equivalente literário de “o café da manhã é a principal refeição do dia”, falso axioma que também costuma ser repetido sem que se leve em conta a motivação do publicitário que primeiro o imprimiu numa caixa de sucrilhos. Não, a ideia não é sugerir que o conto está para o romance como o café da manhã está para o almoço ou jantar. A questão é mais complexa, como veremos. Mas vamos começar pela motivação. Talvez a primeira pessoa que afirmou aquilo, seja quem for, tivesse um intuito nobre: combater a percepção popular, leiga e equivocada de que escrever uma história curta é moleza. Machado de Assis, magistral tanto no romance quanto no conto, jamais entrou, que eu saiba, nesse joguinho comparativo furado, mas também se sentiu obrigado a defender a narrativa breve da pecha de facinha: “É gênero difícil a despeito de sua aparente facilidade, e creio que essa mesma aparência lhe faz mal, afastando-se dele os escritores e não…
A proximidade da Copa do Mundo e o fato de que publiquei um romance chamado “O drible” conspiram para tornar a pergunta acima a que mais ouço há meses. Tenho dado respostas múltiplas, como acredito ser uma exigência da questão, que não é simples. Este texto é uma tentativa – provavelmente condenada ao fracasso, mas fracassos também podem ser interessantes – de chegar a uma síntese que o bate-pronto das entrevistas não favorece. Em primeiro lugar é preciso descartar uma tese que encontra razoável apoio e que já vi formulada pelo antropólogo Roberto DaMatta: nossos escritores são elitistas e não admitem se rebaixar a tratar de um tema tão identificado com o povo. O raciocínio me parece furado. Há décadas convivo com um monte de escritores e jornalistas apaixonados por futebol, loucos pelo tema, e se essa fixação não se converteu em um punhado de obras memoráveis acho mais lúcido procurar a razão no oposto do esnobismo – um certo sentimento de intimidação, talvez, diante da gigantesca dimensão popular daquilo que velhos narradores de rádio chamavam de “violento esporte bretão”. Restam outras explicações. Acredito que uma das mais consistentes seja o fato de que o futebol e qualquer outro esporte…
Vida de escriba, capítulo 345. Alguns anos atrás recebi de uma grande editora uma tarefa peculiar, que acabou se revelando tão desafiadora quanto divertida. Eles tinham um abacaxi na mão e queriam que eu o descascasse: haviam comprado de uma casa estrangeira os direitos de publicar em nosso país a autobiografia de um brasileiro (que vai ficar sem nome: além de sua identidade não ser fundamental para o que quero contar, o anonimato pode evitar alguns dentes rangidos em vão). O abacaxi se devia ao fato de que, ao contrário do que supunha inicialmente a editora nacional, a narrativa da vida do sujeito – em primeira pessoa, já foi dito que era uma autobiografia – só existia em inglês. Não havia nem sombra de um original em português que se pudesse usar. Descobriu-se então que por trás daquele livro de historinha simples, linear, havia uma trama um tanto intrincada. Os editores estrangeiros à frente do projeto tinham rejeitado inteiramente o manuscrito apresentado – não pelo próprio personagem, mas por um ghost writer, como é comum nesses casos – em português. Registre-se que ao agir assim estavam sendo apenas sensatos. Em vez de traduzir aquilo, haviam decidido contratar alguém para escrever…
Se escrevesse hoje, Jane Austen, autora de clássicos do romance inglês como “Orgulho e preconceito”, talvez fosse catalogada como uma autora cômica, isso se não fosse parar na prateleira de “romance romântico” ou, quem sabe, de chick lit. Esse é o argumento defendido pela escritora Elizabeth Edmondson em artigo publicado no “Guardian” (em inglês, aqui), sob o título “Ficção literária é só marketing esperto”, como parte de uma série dedicada a debater os chamados “gêneros literários”. O argumento é instigante: Jane Austen não se via como autora de “ficção literária” (também chamada de “literatura séria”) pela simples razão de que tal rótulo não existia no século XIX. Sua criação, no século XX, foi uma forma até certo ponto artificial de diferenciar obras artisticamente ambiciosas, mais focadas no trabalho de linguagem do que na contação de histórias, da vasta produção de livros de ficção científica, literatura policial, fantasia, terror, humor, faroeste e outros gêneros de grande apelo comercial, mas considerados artisticamente “menores”. Muito bem. Fora o fato de que rótulos são redutores por definição, haverá algo errado nessa classificação, de resto importante para as livrarias na hora de expor seus produtos? Se considerarmos que uma coisa é vender livros e outra…
A reputação literária do colombiano Gabriel García Márquez, que morreu hoje na Cidade do México, aos 87 anos, está estabelecida faz tempo. Sua cotação na Bolsa de Valores Literários deverá sofrer oscilações no futuro, como a de qualquer escritor que não seja simplesmente esquecido, mas poucas vozes devem se dar ao trabalho de lamentar, por exemplo, seu “folclorismo e exotismo realmente desnecessários” como fez o exilado cubano Guillermo Cabrera Infante, um desafeto político morto em 2005. “Cem anos de solidão” é um monumento cravado na história da literatura, ponto. Como seus três ou quatro principais livros depois dele mantêm o sarrafo lá no alto, o solo sob os pés do escritor parece firme. No caso de Gabo, como o chamavam os amigos próximos (e os jornalistas de qualquer distância), a reputação que falta fixar é a do homem público, a do “político” – papel que o ex-menino pobre e franzino de Aracataca passou a representar de modo praticamente profissional depois de se consolidar como celebridade planetária com o Nobel de literatura de 1982. Foi essa frente política – ou seriam fundos? – que a crítica internacional atacou com maior apetite na notável biografia autorizada que o inglês Gerald Martin publicou…
Nas entrevistas que tenho dado sobre “O drible”, meu romance mais recente, é comum que me perguntem – em geral de modo positivo, com admiração – sobre como cheguei à tese de que o estilo brasileiro de jogar futebol só se tornou o que é devido à ajuda involuntária dos velhos narradores de rádio, que com sua mania de embelezar exageradamente os jogos, fazendo “qualquer pelada chinfrim disputada em câmera lenta por perebas com barriga d’água” parecer “cheia de som e fúria”, obrigaram os atletas a fazer “um esforço sobre-humano” em campo para ficar à altura de suas mentiras. Não é tão simples responder a essa pergunta. Em primeiro lugar a tese não é minha: quem a expõe com entusiasmo, “parecendo satisfeito consigo mesmo”, é Murilo Filho, um dos personagens principais de “O drible”. Murilo é um velho e famoso cronista esportivo que, à beira da morte, busca se reaproximar de seu único filho, Neto, com quem brigou há um quarto de século. Trata-se de um excêntrico que Neto suspeita estar gagá e, mais do que isso, um personagem de princípios morais duvidosos (digamos assim, para evitar spoilers). Duvido que algum autor se sentisse confortável de escalar tal figura como…
Ninguém pode acusar Cristovão Tezza de cair nas armadilhas populistas do sucesso. Com o romance autobiográfico “O filho eterno”, de 2007, o escritor paranaense nascido em Santa Catarina – até então considerado um nome “difícil”, do tipo que a crítica elogia e a grande massa leitora evita – explodiu. Relato sensível mas inclemente das agruras de um pai para aceitar seu filho com síndrome de Down, o livro pulou o cercadinho onde se reúnem em gueto os poucos milhares de consumidores da literatura brasileira dita séria: virou best-seller, mas sem abrir mão do prestígio crítico que o levou a ganhar todos os prêmios literários mais importantes do país, proeza rara numa sociedade precariamente letrada e que se habituou a ver a lista dos romances mais vendidos loteada por sobrenomes como Green e Brown. Quem passou a esperar de Tezza o golpe baixo do “novo ‘O filho eterno’”, porém, tem se decepcionado desde então. Ainda bem. “O professor” (Record; 240 páginas; 32 reais) eleva a aposta do autor em sua literatura realista, historicamente enraizada, mas antinaturalista e rigorosa. Consciente da insuficiência irremediável da própria linguagem que lhe dá corpo, a prosa do romance parece querer desdobrar uma frase de “O espírito…
Eu nunca tinha ouvido falar de Chuck Wendig (foto). Fui parar em seu blog, Terrible Minds, atraído pela chamada de um post que cruzou meu caminho no Twitter: Stupid answers to common writing questions, “Respostas grosseiras para perguntas literárias comuns”. Bom, encontrei lá o que o título anunciava e um pouco mais. Descobri que Wendig, escritor americano de fantasia com uma carreira sólida como romancista, roteirista e designer de games, autor de livros como Blackbirds e Double Dead, conseguiu fazer uma crítica feroz – e às vezes hilariante – de uma certa mentalidade de autoajuda e de um certo visgo corporativo que vêm se infiltrando há anos, traiçoeiramente, no mundo florescente do aconselhamento literário. Como este blog sempre teve um pé em tal mundo, até por exigência dos leitores, recomendo a leitura da diatribe desbocada do sujeito. Concordo com quase tudo o que ele diz. “O monge e o escritor” não tem vez aqui. Quem puder deve ler o post completo (em inglês). Abaixo, na forma de filezinho aperitivo e em tradução caseira, alguns destaques: Como eu faço para escrever? Eu não sei como você faz para escrever. Eu sei como eu faço para escrever. E o que eu faço…
Em 1881, Machado de Assis publicou na “Gazeta de Notícias” um conto extraordinário chamado Teoria do medalhão, que republicou um ano depois no livro “Papéis avulsos”. Trata-se de um diálogo puro, isto é, sem interferência do narrador, em que um pai zeloso, terminado o jantar em que se comemorou o vigésimo primeiro aniversário de seu filho Janjão, puxa-o de lado para lhe dar conselhos. O plano do sujeito é transformar o rapagão naquilo que ele mesmo não conseguiu ser, isto é, um “medalhão”, personagem tão venerável quanto oco, capaz de enraizar sua proeminência social na absoluta ausência de ideias originais e determinado a só enfrentar os problemas reais do mundo pela via da platitude, da frase feita, daquilo que dê uma aparência de solução para o que na essência deve permanecer imutável. A ironia do conto é um pouco mais escancarada do que o habitual em Machado. A “inópia [indigência] mental” que o pai detecta em Janjão assume a forma de elogio, claro, pois é indispensável ao bom medalhão, mas o leitor aprende depressa a inverter todos os sinais do que diz o canalhão. Num extremo metalinguístico brilhante, o autor leva o pai a proibir expressamente ao rapaz o uso…
O colunista está de férias. O Todoprosa volta a ser atualizado no dia 22 de março. Até lá.
O que é um personagem? Vamos aproveitar o espírito questionador para ir mais longe: o que é um romance? O leitor não precisa formular para si mesmo essas perguntas cabeçudas enquanto atravessa “Limonov”, do francês Emmanuel Carrère (Alfaguara, tradução de André Telles, 344 páginas, R$ 44,90). Dificilmente terá tempo para isso, aliás: o premiado livro que romanceia a biografia do escritor, aventureiro e político russo Eduard Limonov, lançado em 2011 por Carrère, um dos principais nomes da literatura francesa contemporânea, é daqueles em que as páginas parecem virar sozinhas, movidas pelo puro prazer da leitura. Mesmo assim, as perguntas ali de cima estarão à espreita por trás das palavras. Lançado no Brasil no fim do ano passado e recebido com frieza imperdoável, “Limonov” conta a história de um personagem que dificilmente caberia numa obra ficcional, um russo alucinado que é a melhor prova do acerto daquela tirada de Mark Twain: “Por que a verdade não seria mais estranha do que a ficção? A ficção, afinal, tem que fazer sentido”. Se um bom personagem fictício deve ser redondo, segundo uma imagem (do inglês E.M. Forster) que pegou, Limonov é um meteorito cambiante e cheio de arestas. Que machucam. Famoso em seu…
“Por que escritores são os maiores procrastinadores” é o título de um artigo da revista The Atlantic (aqui, em inglês) em que a autora, Megan McArdle, não prova o que diz. Permanece uma questão aberta se os profissionais da palavra escrita são realmente mais afeitos a adiar o trabalho – e depois adiar mais um pouco, e ainda outro tanto e mais outro – do que os representantes de outras categorias profissionais. Superlativo à parte, suspeito que quase todo mundo que escreve ou gostaria de escrever já tenha se deparado com o problema. Eu certamente já, e foi isso que me levou a continuar lendo o tal artigo, apesar do título bombástico. Quem sabe a autora revelaria uma fórmula mágica para acabar com a procrastinação? Acredito ser inegável: grande parte dos escritores canaliza pelo menos metade de seus poderes de fabulação para a manufatura de desculpas que expliquem para si e para os outros por que não está escrevendo naquele momento: “Agora não, daqui a pouco sem falta, mas agora não. Primeiro preciso limpar a mesa do escritório. Responder àqueles emails. Levar o cachorro pra passear. Deixar meu pitaco inestimável naquela polêmica facebookiana sobre os prós e contras de sediar…
Um dos conselhos literários mais importantes que já recebi – quase tão importante quanto aquele outro, o de desconfiar de todos os conselhos literários – me apareceu quando eu tinha vinte e tantos anos, lendo um artigo de Autran Dourado (citado aqui outro dia) sobre seu método de trabalho. Se a memória não me engana mais do que o habitual, o escritor mineiro revelava, embora não com essas palavras, uma forma de dar vida nova a textos deficientes, insatisfatórios, capengas ou falsos: trocar seu tempo verbal ou a pessoa da narração – ou as duas coisas ao mesmo tempo. Ainda não era comum escrever em computador naquela época. O truque, se assim podemos chamá-lo, envolvia um bocado de trabalho pesado: rabiscar tudo com caneta era provavelmente o primeiro passo, mas no fim das contas, para ter um resultado apresentável, restava alimentar a máquina de escrever com papel novo e datilografar tudo outra vez. Da primeira à última palavra. Trocando, por exemplo, “fui” e “tinha” por “vou” e “tenho”. Ou por “vai” e “tem”. E “minha” por “sua”. Etc. É claro que, tendo feito tudo isso, e ainda que a princípio satisfeito com as mudanças, nada impedia o angustiado autor-datilógrafo de…