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Rumo a Tralfamador
Posts / 13/04/2007

“Onde estou?”, disse Billy Pilgrim. “Preso numa outra bolha de âmbar, Sr. Pilgrim. Estamos onde temos que estar exatamente agora – a trezentos milhões de milhas da Terra, em direção a uma curva de tempo que nos levará a Tralfamador em questão de horas, em vez de séculos.” “Como – como eu cheguei aqui?” “Só um outro terráqueo poderia lhe explicar isso. Os terráqueos são os grandes explicadores, explicam por que este evento é estruturado da forma que é, dizem como outros eventos podem ser obtidos ou evitados. Eu, que sou um tralfamadoriano, vejo o tempo como um todo, da mesma forma que você veria um trecho das Montanhas Rochosas. Todo o tempo é todo o tempo. Não muda. Não se presta a alertas ou explicações. Simplesmente é. Observe-o momento a momento e descobrirá que nós todos somos, como eu disse antes, insetos no âmbar.” “Para mim, você soa como se não acreditasse no livre-arbítrio”, disse Billy Pilgrim. Comecei a reler Slaughterhouse-Five ontem à noite (“Matadouro 5” no Brasil; a L&PM tem uma edição de bolso baratinha, com boa tradução de Cássia Zanon). Dei boas risadas, feliz – e um pouco surpreso – de constatar que o livro não envelheceu…

Kurt Vonnegut (1922-2007)
Posts / 12/04/2007

A quinta-feira acaba de ficar sombria, apesar do sol no Rio de Janeiro. Kurt Vonnegut morreu ontem. Caramba: ontem. O mesmo dia em que, pela primeira vez e obviamente sem saber de nada, tasquei – plano antigo – uma frase dele aí na epígrafe do Todoprosa. Não, isso não tem a menor importância diante da notícia de que, aos 84 anos, morreu o autor de “Matadouro 5”, mestre do humor sombrio, o mais irrequieto e o menos solene entre os grandes escritores americanos. Minha epígrafe não tem a menor importância, mas, por alguma razão, deixou tudo mais triste aqui pelas bandas da Gávea. Volto ao assunto quando puder. Por enquanto deixo aqui (acesso livre, em inglês) o alentadíssimo obituário do “Los Angeles Times”, que é quase um romance.

Com licença, eu peço a palavra
Posts / 11/04/2007

Vivemos, para o bem e para o mal, um tempo de pulverização, de multiplicação de referências. Não existem parâmetros reconhecidos por um número suficiente de pessoas para que o debate literário role direito, o clima é de um certo vale-tudo estético. Aí, claro, vêm os vírus oportunistas e quem acaba se dando bem é a turma da autopromoção, do marketing. Tudo isso é triste e angustiante, mas, pensando bem, talvez não seja de todo ruim. Porque é evidente que no meio desses escombros há um novo ambiente literário em gestação. … Lemos pouquíssimo. Você entra no ônibus, no metrô, e ninguém está lendo um livro. Nunca. Nem romance Sabrina. Nem faroeste de banca de jornal. Isso é um dado grave, a meu ver. Mas daí a acreditar em visões apocalípticas vai uma grande distância. ? O tempo de amadurecimento da literatura e o tempo do blog são mais do que diferentes, chegam a ser antagônicos. O problema é que, uma vez publicado, qualquer texto passa por uma espécie de cristalização – esta é a minha experiência, pelo menos – que dificulta reescrevê-lo depois. E reescrever é a alma do negócio. Entrevista boa é aquela que nos obriga a formular idéias…

Parabéns, Rascunho
Posts / 09/04/2007

Exemplo raro de longevidade na imprensa literária independente, o jornal curitibano “Rascunho” está completando sete anos esta semana – o aniversário caiu ontem, domingo de Páscoa. Para comemorar a data, estréia novas seções na edição de abril, entre elas as colunas “Passe de letra”, com crônicas mensais sobre futebol assinadas pelo crítico e ficcionista Flávio Carneiro, e “Ponto final”, que vai na última página, sempre com um escritor convidado e forma livre – este mês, trecho do próximo romance de Luiz Ruffato.

O gato corteja o mico
Posts / 07/04/2007

Um dos mitos preferidos da grande indústria editorial é o do “próximo”. Nos últimos anos, andou na moda procurar o próximo “Harry Potter”, depois o próximo “Código da Vinci”. Agora parece ser a vez do próximo “Marley e eu”, best-seller canino que foi a grande surpresa do ano passado. É curioso observar que as temporadas de caça ao próximo não costumam render nada além de cópias pálidas – pálidas inclusive nas vendas – mas isso não revoga a corrida. Salvo os que seguem fórmulas estabelecidas como as dos livros de espionagem ou de tribunal, os verdadeiros fenômenos comerciais geralmente se afirmam a partir de um núcleo original e imprevisível, não como “próximos” de alguma linhagem. Mas quem se importa? O mito é mais forte. Só ele explica que um leilão pelos direitos de publicação da história de Dewey, um gato vadio adotado como mascote de uma biblioteca no interior do estado americano de Iowa, tenha terminado quando a Grand Central Publishing descarregou na mesa um caminhão com 1,25 milhão de dólares – notícia completa, em inglês,

Eros em alto Grau
Posts / 05/04/2007

Vânia era desenhista de moda e pintora, da minha altura, uma gazela, pernas e coxas alongadas, saboneteiras profundas e seios discretos. Rosto marcante, olhos bonitos. Encontrávamo-nos regularmente. Sempre à tarde, que ela desconfiava que o marido desconfiasse. Usava, invariavelmente, camisas de seda ou algodão em padrões que ela mesma desenhava, lindas, marcantes, ousadas. Tinha uma válvula de sucção no lugar do sexo e soltava sonoras flatulências vaginais pós-coito. Era agradável, sadio, sem dramas, o namoro de tardes inteiras, ela nua, suas esguias longas pernas enroscadas em meu corpo. Nenhuma ansiedade. Pedia-me, enquanto nos amávamos, que inventasse estórias sobre ela mesma estar sendo possuída por mais de um homem, concomitantemente, dois ou três, ocupando todas as suas frestas, o que importava em que nos amássemos sem qualquer sentimento de propriedade. Está certo: o trocadilho do título desta nota é infame. Mas como resistir a ele quando Eros Grau, ministro do Supremo Tribunal Federal, estréia no romance com uma narrativa tão cheia de erotismo quanto a de “Triângulo no ponto” (Nova Fronteira, 144 páginas, R$ 29), que chega às livrarias semana que vem?

Cortázar entre Thelonius Monk e Bill Evans
Posts / 04/04/2007

“O jogo da amarelinha” seria então um produto mais próximo de Thelonius Monk e “62 [Modelo para armar]”, mais próximo de Bill Evans. “O jogo da amarelinha” é um mundo fechado e autônomo, complexo e completo e, ao mesmo tempo, muito aberto, como a música de Monk: dispõe de um tronco central – a primeira forma de leitura – e de numerosos capítulos que se intercalam à vontade e se manifestam como composições solistas com aspecto de improvisações; o centro de gravidade persiste e as harmonias rompem a narrativa tradicional. “62”, por sua vez, é a fronteira e o cavaleiro que se perde no mistério depois de ultrapassá-la. Muito já se falou da influência do jazz sobre a literatura de Julio Cortázar – a começar por ele mesmo. Mas este luxuoso ensaio do escritor madrilenho José Maria Guelbenzu (pdf de acesso livre, em espanhol), publicado na edição de abril da revista “Claves de razón práctica”, consegue desenhar novas e deliciosas harmonias em sua variação sobre o tema. [Via El Boomeran(g)]

Kafka, um escritor realista
Posts / 03/04/2007

Esse anti-sensacionalismo do tom, o não-anúncio do incomum, confere ao incomum, até mesmo ao pavoroso, um bem-estar pequeno-burguês muito característico. Esse produto misto de horror e conforto perdeu, hoje, certamente, a estranheza que, a seus primeiros leitores, dera a impressão de loucura. Todos nós estamos a par dos “aposentos sociais” que os chefes de campos de extermínio mobiliaram com estofados, vitrolas e quebra-luzes, parede-meia com as câmaras de gás. A sala de estar de K., no ginásio de esportes de O castelo, não é em nada mais fantástica do que esses cômodos contíguos às câmaras de gás, os quais, sem dúvida, pareciam normais a seus usuários. Esse cruzamento “louco” (“desloucado”) de ambientes, empreendido por Kafka, é, na verdade, uma descrição da realidade; uma descrição do fato de que, hoje em dia, o “mundo dos deveres” e o “mundo familiar privado” mal têm algo a ver um com o outro, ainda que se instalem sob o mesmo teto ou, pelo menos, se interseccionem como mundo único. Na realidade, o exterminador industrializado e o jovial pai de família são um único e mesmo homem. Mas, uma vez que a total discrepância entre as “esferas da vida” é considerada natural, do ponto de…

Oi. Sou um escritor. Sou legal. Em que posso ajudá-lo?
Posts / 02/04/2007

Sinais dos tempos. No blog do “Guardian”, Stuart Walton escreve (em inglês, acesso livre) sobre uma contradição: nossa imagem preferida do escritor ainda é a do trabalhador solitário, muitas vezes recluso – JD Salinger e Dalton Trevisan são exageros que confirmam a regra. Enquanto isso, no mundo bicudo lá fora, profissionais das letras andam tão ocupados com o papel de pequenas celebridades que desempenham em excursões de lançamento de livros, maratonas de entrevistas e participações em festivais que não lhes sobra muito tempo para escrever. É claro que a tendência se manifesta de forma mais vigorosa em países de mercado leitor maduro, mas o Brasil já apresenta alguns sintomas da síndrome. Enquanto isso, no “New York Times”, a reportagem de Julie Bosman (em inglês, cadastro gratuito) aborda, aí sim, uma novidade que ainda não chegou por aqui: a excursão promocional pré-lançamento do livro, destinada principalmente a fazer com que autores desconhecidos conquistem a simpatia e os favores daqueles profissionais na linha de frente do mercado livreiro – gerentes e vendedores de livrarias. Nesse meio tempo, quem um dia achou que viver de escrever era uma boa pedida porque, entre outras coisas, não levava o menor jeito para showman, vendedor ou…

Nota para O Livro dos Gêneros (que nunca escreverei)
Posts / 30/03/2007

O romance tem barriga. Se perdê-la, vira novela. A palavra barriga está carregada de conotações negativas que, no entanto, não quero absolutamente expressar. Pois é a barriga que torna o romance superior à novela: a imperfeição faz dele o veículo perfeito para a imitação literária (não necessariamente realista, é claro) da vida. Diante da barriga morna e fértil do romance, a novela é, no máximo, uma top model: linda, mas meio anoréxica. Com ela temos um caso. Com o romance, casamos. Um tanto fria, mais propícia à expressão da literatura como puro jogo, a boa novela tem necessariamente a musculatura definida. Sabe o que está fazendo, planejou a vida inteira, jamais esbarra nos móveis, mas não consegue disfarçar um brilho cruel no fundo do olho. O romance, não: este pode ser sedentário, triste, doentio, de pele áspera e hálito azedo, mas também alegre, ativo, cheiroso, úmido, confortável. Pode ter quantas caras e jeitos tiverem as pessoas, mas nunca perde a mania de se perder um pouco nas encruzilhadas, marcar passo, tropeçar, pedir perdão. Um bom romance nos dá a ilusão de ser feito mais de vida que de literatura. É a barriga que o salva.

Os maiores da língua espanhola
Posts / 29/03/2007

A revista colombiana “Semana” ouviu 81 críticos, escritores e editores para elaborar uma lista dos cem melhores romances da língua espanhola dos últimos 25 anos – o mesmo período que o “New York Times” arbitrou para fazer sua lista de americanos, ano passado, noticiada na época aqui. Ganhou “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel García Márquez, com “A festa do Bode”, de Mario Vargas Llosa, em segundo lugar. Esses dois não param tão cedo de se bicar. Até aí, estamos no terreno dos medalhões. A notícia fica mais interessante quando se descobre, em terceiro e quarto, dois livros do mesmo autor: “Os detetives selvagens” e “2666”, do grande – e, pelo visto, em fase de crescimento – Roberto Bolaño (1953-2003). O sujeito ainda se deu ao luxo de emplacar um terceiro título, a novela “Estrella distante”, na 14a posição.

Empréstimos, perdas e ganhos
Posts / 28/03/2007

Já transitei pelos dois lados do empréstimo de livros com a mesma desenvoltura. Muitos anos, perdas e ganhos depois, não faço isso mais. Virou tabu: um quarto de porta lacrada no último andar da casa em que é proibido entrar, como num romance gótico. Lá dentro, acumulando poeira, o vazio de perdas incalculáveis e amores insubstituíveis convive com a culpa abafada por devoluções que nunca fiz – parte por esquecimento, a maioria por motivos menos claros. Um dia decidi, chega dessa bagunça. Não empresto mais, não tomo mais emprestado. Com a segunda resolução tento me redimir da antipatia da primeira, ou pelo menos, ao dispor as duas em arranjo simétrico, simular um cenário de olímpica justiça onde há apenas confusão e cansaço. E antes que me acusem de alguma abominável síndrome retentiva, quem sabe de uma forma bibliográfica de misantropia, aviso que de vez em quando parte aqui das estantes uma enorme caixa transbordante de alegres exemplares para doação. Não corto o fluxo social do livro. Apenas evito que ele me corte. A maior lacuna entre os livros que emprestei e nunca me devolveram foi deixada – a julgar pela insistência até surpreendente com que me contempla do fundo da…

Pequenos prazeres domésticos
Posts / 26/03/2007

No blog de livros do “Guardian”, Nicholas Clee fala de sua preocupação (em inglês) com o futuro das redes de livrarias convencionais, como Waterstone’s e Borders, que têm fechado lojas aos montes por serem incapazes de concorrer com o preço baixo e a escala massificada dos supermercados de livros – supermercados com aspas, como Amazon, ou sem, como Tesco. O tema é um dos mais batidos na imprensa literária, mas não faz muito sentido culpar os escribas se a realidade continua a reeditá-lo. Clee até que tenta inovar, atribuindo aos pequenos livreiros de bairro, os chamados independentes, uma vantagem competitiva sobre as redes convencionais – vantagem advinda do charme da seleção idiossincrática de títulos e do contato direto com o cliente. (Infelizmente, o mesmo artigo diz que os independentes estarão extintos em 15 anos, o que parece contrariar o argumento anterior, mas deixa pra lá.) Eu leio essas coisas e também me preocupo, claro. Não há nada como uma boa livraria real, de preferência com um expresso espumante num canto e um vendedor daqueles que leram tudo o que deve ser lido e ainda têm um GPS mental para encontrar volumes empoeirados em prateleiras improváveis. Mas a leitura do artigo…

Começos inesquecíveis: Michael Chabon
Posts / 24/03/2007

Anos depois, falando a um entrevistador ou a um público de velhos fãs numa convenção de histórias em quadrinhos, Sam Clay gostava de declarar, a propósito da maior criação sua e de Joe Kavalier, que, quando menino, trancado e de mãos e pés atados dentro do recipiente estanque conhecido como Brooklyn, Nova York, costumava ser assombrado por sonhos de Harry Houdini. “Para mim, Clark Kent numa cabine de telefone e Houdini num caixote eram uma só coisa”, expunha em tom erudito na WonderCon ou em Angoulême ou ao editor do The Comics Journal. “Você não era, ao sair, a mesma pessoa que tinha entrado. O primeiro número de mágica de Houdini, vocês sabem, quando ele estava começando. Chamava-se ‘Metamorfose’. Nunca foi uma simples questão de escapar. Era também uma questão de transformação.” A verdade é que, quando garoto, Sammy só tinha um interesse casual, na melhor das hipóteses, em Harry Houdini e em seus feitos lendários; seus grandes heróis eram Nikola Tesla, Louis Pasteur e Jack London. No entanto, o relato do seu papel – do papel da sua própria imaginação – no nascimento do Escapista, como todas as suas melhores fabulações, soava verdadeiro. Seus sonhos sempre tinham sido houdiniescos:…

O mapa da literatura
Posts / 23/03/2007

Para desestressar: o Literature Map não é novo, mas quem ainda não o conhece pode gostar da brincadeira de digitar o nome de um autor (sim, claro que os de língua inglesa ocupam mais espaço, embora não tenham exclusividade) e receber de volta uma tela que o situa, digamos assim, no mapa literário mundial. Em termos visuais, o digitado torna-se o centro de uma constelação trêmula de nomes afins, a maioria formada por escritores que exerceram influência sobre ele ou foram por ele influenciados. Supostamente, pelo menos. O que torna tudo mais interessante e imprevisível é a ferramenta ser “inteligente”: em vez de se basear no conhecimento enciclopédico de seu autor, o Literature Map (existem também versões do brinquedo para música e cinema) vai aprendendo com os caminhos traçados pelos usuários. Entre esses usuários não têm faltado brasileiros, a julgar pelos dois nomes que, numa pesquisa aleatória, descobri serem os mais próximos de Julio Cortázar em toda a literatura universal: Lygia Fagundes Telles e? Paulo Leminski! É claro que ser “inteligente”, no caso, equivale muitas vezes a ser extremamente burro. Exemplo: uma pesquisa sobre Franz Kafka revela sua íntima e insuspeitada vizinhança com Bret Easton Ellis. Mas até por besteiras…

Fala, Mirisola
Posts / 22/03/2007

Marcelo Mirisola me manda uma carta aberta para responder à carta aberta de Sérgio Sant’Anna, publicada ali embaixo: Oi, Sérgio. Pedi uma carta de recomendação a Sérgio Sant’Anna, sim. Não fui escolhido pela comissão do concurso – que tinha regras, um corpo de jurados, critérios pré-estabelecidos e um edital público. Muito diferente do “Bonde da Alegria” da Companhia das Letras. Infelizmente a carta de Sérgio não comoveu os jurados. O que consegui foi uma suplência ridícula que não me rendeu um centavo. Sou suplente de Andrea del Fuego e Eustaquio Gomes. Pode rir… Agradeço a deferência de Sérgio Sant’Anna. Mas a informação é falsa. Espero que você e ele corrijam o erro. Obrigado, e um abraço, Marcelo Mirisola

Com a palavra, Sérgio Sant’Anna
Posts / 21/03/2007

Sérgio Sant’Anna, um cara respeitadíssimo aqui no blog, não só como escritor mas como amigo, me pede que publique o recado abaixo sobre a polêmica do projeto “Amores expressos”, que ele integra (vai para Praga): Avisado por uma amiga que comentários irados e espumantes estavam chegando em grande quantidade à coluna Todoprosa, no site NoMínimo, fui lá conferir. E, na verdade, apesar dos ressentidos e invejosos (poucos) achei a coisa muito bem humorada. Mas é repugnante que um mau-caráter como o tal de Arnaldo diga que eu fui ao Programa Internacional de Escritores, na Universidade de Iowa, EUA, com uma bolsa da Ditadura Militar. Fui selecionado para o programa pela Fundação Ford, que me concedeu a bolsa e passagens, para mim e minha mulher. Isso depois de uma apreciação de meu livro de estréia, O sobrevivente, em edição das mais modestas, custeada por meu pai, com um empréstimo que nunca paguei. Também o pessoal da Ford no Rio me submeteu a uma entrevista. Arnaldo também dá uma de dedo-duro falando na caixa de maconha que me apresentaram, como boas-vindas, assim que cheguei. Mas que tolice, maconha lá era fumada como aqui se toma cafezinho. E garanto a todos que a…