Agora é definitivo: depois de dar a partida na moda dos mashups com o sucesso de “Orgulho e preconceito e zumbis”, que abriu a porta para a invasão dos clássicos da literatura por criaturas pop variadas, de monstros marinhos a robôs steampunk, Jane Austen acaba de se consagrar como a rainha incontestável da reciclagem literária brincalhona-oportunista. A coroação se dará com o lançamento pela editora americana Cleis Press, mês que vem, de Pride and prejudice: hidden lusts (“Orgulho e preconceito: prazeres ocultos”), obra erótica de uma certa Mitzi Szereto.
A julgar pelos clichês “românticos” acumulados na capa, estamos no terreno daquele erotismo prêt-à-porter dos livrinhos de banca de jornal, e portanto distantes do sexo transgressivo de Sade, Bataille e Rèage, embora Szereto insinue no site do livro (que inclui um clipe chinfrim) a inclusão supostamente subversiva de alguns temperos gays. No site somos informados também de que esse é o romance que Jane Austen teria escrito “se tivesse coragem”. O estilo do material de divulgação sugere prazeres mais humorísticos que eróticos:
Em “Orgulho e preconceito: prazeres ocultos”, todo o elenco de personagens do clássico de Austen é flagrado com as calças desabotoadas e as saias levantadas, numa versão recontada que mostra tudo – e um pouco mais! O Sr. Darcy nunca foi mais danadinho, e a aparentemente casta Elizabeth nunca foi mais quente.
Não se sabe se essa Jane Austen devassa venderá tanto quanto a dos zumbis. Mas, caso se abra um novo filão e os editores brasileiros se animem mais uma vez a explorá-lo, aposto que Machado de Assis e Capitu serão os primeiros da fila.
14 Comentários
Sérgio, distante do terreno da pornochanchada, uma adaptação da obra-prima da Sra. Austen de que gostei muito foi essa:
http://www.imdb.com/title/tt0414387/
Tem algumas mudanças que na minha opinião não comprometeram o resultado. E o visual é absolutamente soberbo.
Mashups são divertidos. Mas se é para avacalhar, então a avacalhação precisa ser completa. Nada de pecadilhos nem ceninhas levemente picantes. Precisa ter pornografia pesada, subversiva e definitivamente apelativa…rs… pelo menos é o que eu faria.
complicado vc falar de um livro que não leu, falar de algo que vc julgar que assim seja sem ter certeza. Realmente estamos numa onde mashups, eu mesma tenho razão e sensibilidade e monstros marinhos, mas ainda não me atraiu para que eu o tirasse da estante e fosse ler.
“erotismo prêt-à-porter dos livrinhos de banca”???? kd esse erotismo nos livros de banca brasileiros?? porque passa é longe, até porque as editoras brasileiras são umas “pudicas” que contar ou suavizam as cenas de sexo, sinceramente não sei porque, é só sexo. Alowww as pessoas fazem sexo. Enfim, mas isso é outro assunto.
Não sou lá grande fã os mashups porque parece que as pessoas não tem mais criatividade e precisam recorrer a um obra pronta e adaptá-la dando os devidos requintes de comédia ou aqui no caso de eroticidade, isso para mim fica por conta das fanfictions.
Nesta mesma linha “O Cortiço” poderia ser publicado na versão original. Poderia se chamar “O Cortiço – uncut” ou outro título idiota qualquer.
Er… desde quando erotismo é sinônimo de pornografia? Procure no dicionário antes de vir colocar um título desses, ah… sem ter lido o livro ainda por cima… =)Nem todo mash up é erótico como o Tibor citou, e nem todo erótico é pornografico. Cuidado na hora de escrever uma coisa assim.
Bruna, que comentário bola fora, hein? Eu não preciso consultar dicionários porque os escrevo, hehe. Olha só: erotismo é o que autora acha que fez, pornografia é botar a Jane Austen no meio disso. E atenção: isso aqui não é uma resenha, é notícia, dispensa a leitura do livro. Que, aliás, ainda não foi publicado.
Nossa, pornografia é botar a Jane Austen no meio? =O Aí é questão de visão, (sua) opinião, não de fato… E continua soando confuso, não dá para entender se o livro é pornografico, erotico ou no estilo de banca, pq quem realmente conhece sabe que são 3 linhas diferentes.
Alexandrina (olha vc aqui kkk) concordo com vc. Ter novela com todo mundo se pegando pode, o povo adora, fala, discute, todo mundo assiste. Sai um livro de banca com umas cenas de beijos,… nossa, vira erotismo ou pornografia…
Eca, não há limites para a baixaria que venda muito, de preferência, tudo pode ser manipulado e diluído e se tornar lixo à exaustão. Cansaço desses tempos nesses terrenos,
abraço, clara
Oi Sérgio,
Histórias sobre a devassidao sexual é um caminho literário muito perigoso. Prefiro os relatos amorosos de um Orhan Pamuk.
Sérgio,
alguns livros, poucos, diga-se de passagem são de fato homenagens à Jane Austen. Mas esses são somente caça-níqueis. O poeta Ivo Barroso, tradutor de Jane Austen (Razão e sentimento e Emma) que ficado indignado com esses livros.
Viajando | Jane Austen em Português
Oportunismo à parte (e outros conceitos também), além da aposta em Capitu, quem “dá” mais, quer dizer, quais seriam outras sugestões…? rs
Ah, Ceci e Peri…
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