Amanhã à noite terei uma conversa íntimo-pública com Luis Fernando Verissimo sobre “Incidente em Antares”, o último romance do pai dele, diante de uma plateia de bolso no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro. Lançado em 1971, o divertido livro em que Erico Verissimo (foto) cutucava a ditadura no auge da repressão e flertava com o “realismo mágico” latino-americano pela via do humor rasgado – além de passar bem p...
Assolado por uma sensação de perda de tempo toda vez que abre “Em busca do tempo perdido”? Em busca de uma razão utilitária para ler – com perdão da palavra – ficção? Bem, a executiva americana Anne Kreamer também estava, até que descobriu uma série de pesquisas que associam a leitura de ficção literária com “inteligência emocional”, empatia, capacidade de imaginar o outro e se adaptar a situações novas, efic...
httpv://www.youtube.com/watch?v=ocvlo3XG8aY&feature=related O livro é de aconselhamento literário do tipo sério – ou quase isso. O filmete de animação (em inglês) que acompanhou seu lançamento, porém, é puro escracho, com aquela sátira da vida boêmia podre de chique à la Scott e Zelda Fitzgerald que já era falsa no original: como escrever um bom romance, ganhar rios de dinheiro e ser sexualmente irresistível, tudo se...
Terá começado com o fim da Primeira Guerra Mundial, nos passos de John dos Passos e e.e. cummings? Ou antes disso, com o desembarque do crítico de arte Leo Stein, irmão de uma certa Gertrude? Ou teria sido alguns anos mais tarde, quando lá pôs os pés pela primeira vez um sujeito chamado Ernest Hemingway – que se tornaria seu principal divulgador e figura mais emblemática? Seja como for, o fato incontestável é que a mitológi...
O microcontista Antenor já gostava de escrever contos curtos antes do Twitter. O que a rede social lhe proporcionou, além de um mural onde publicar sua obra até então inédita, foi um foco preciso. Isso foi mais importante até do que o próprio mural: a concentração que o limite de 140 caracteres lhe deu. De mistura com a concentração de Antenor veio a grande ambição de Antenor: ser o primeiro dos microcontistas “científic...
Para críticos e resenhistas que se ressentem, às vezes de forma dolorosa, da importância atribuída às obras dos escritores em detrimento da sua própria, uma boa notícia: um prêmio (anglófono, of course) para resenhas jornalísticas. Mas não se trata de qualquer resenha. Só podem concorrer aquelas que, de preferência com estilo, fizerem picadinho de seu objeto, como o nome do galardão indica: Hatchet Job of the Year, isto é...
Na resenha do livro “A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros” (The shallows), segunda-feira, faltou falar justamente do que está no foco do Todoprosa: livros, e dentro dos livros a literatura, e dentro da literatura a prosa de ficção. Como ficam essas coisas arcanas, o texto enquanto arte e tal, no mundo colorido, afogado em informação, compulsivo e desatento que Nicholas Carr vê na inte...
“A geração superficial – O que a internet está fazendo com os nossos cérebros” (Agir, 384 páginas) é o livro que consolidou a posição do jornalista americano Nicholas Carr como principal crítico cultural do mundo digital. O livro nasceu de um artigo polêmico que Carr publicou em 2008, chamado “O Google está nos deixando burros?”, comentado na época aqui no blog. A tese central é a mesma: ao nos ensinar a ler de ou...
O Pop Literário de Sexta saúda 2012 e pede passagem. * PROFESSOR: Muito bem, crianças, sentem-se. Houve uma mudança de orientação pedagógica na escola. Vou passar um livro para vocês lerem. ALUNO: Livro? Cara, como eu odeio isso. P: Turma, este livro é muito polêmico e acaba de ser retirado da lista de livros proibidos. A: É mesmo? Maneiro. P: Chama-se “O apanhador no campo de centeio” (começa a distribuir exemplares ent...
Imagine que Nelson Rodrigues não morreu. Às vésperas de completar cem anos, tem um blog chamado A vida como ela ainda é, que atualiza dia sim, dia não (a idade pesa), embora mantenha com as tecnologias digitais uma relação irônica e cheia de ambiguidade. Aproveita-se do que elas têm de prático, mas sente falta do teclado pesado da máquina de escrever. Só consegue continuar publicando porque já não precisa frequentar redaç...
Que tal abrir o ano com uma boa notícia? Então lá vai: com a entrada no ar da edição em hipertexto de “Memorial de Aires”, o último romance de Machado de Assis, no site machadodeassis.net, a Casa de Rui Barbosa cumpre a promessa de disponibilizar nesse formato toda a obra romanesca do maior escritor brasileiro. O espírito didático das notas, que se abrem em caixinhas na tela quando se passa o cursor sobre uma palavra marcada...
A colheita de Sobrescritos – aquele tipo de post, também chamado conto, que acontece aqui no blog quando o discurso jornalístico já não dá conta – foi farta como nunca em 2011: 24, dois por mês. Escolhi três para comemorar. Este aqui apareceu no dia 13 de maio. * O AMOR NOS TEMPOS DO CÓDICE Não fazia tanto tempo que costumavam chamá-la de promessa vigorosa da nova literatura brasileira. Flipou, flopou, fliportou, festpoou,...
Encontrei aqui. Há muito tempo não via uma tão bonita. Feliz Natal e um 2012 de ótimas leituras, são os votos do Todoprosa....
“Habitante irreal”, de Paulo Scott – Atolada num ambiente besta que se assemelha a uma guerrinha entre fiéis e infiéis (existe ou não existe, é divina ou é uma fraude, vamos à missa ou não vamos?), a literatura brasileira contemporânea corre o risco de nem se dar conta de que acaba de ganhar um livraço. Acerto de contas com os sonhos e desilusões de uma geração, o romance de Scott revela-se um cruel espelho político-s...
O recém-lançado “Conversas com Vargas Llosa – Antes e depois do Nobel” (Panda Books, 232 páginas), de meu vizinho de blog Ricardo Setti, é um livro que tem a ambição de, sem perder o tom de bate-papo, dar conta de tudo que diga respeito ao mundo do entrevistado – vida literária, política, politicagem, sexo, visão de mundo, rotina de trabalho. A meta é atingida com folga. Admirador e conhecedor da obra de Vargas Llosa, ...
O filme “O jogador” (1992), de Robert Altman, satiriza a indústria cinematográfica americana na pessoa de um produtor tão cheio de talento quanto desprovido de caráter, vivido por Tim Robbins. Mas sobra para quem escreve também, como o roteirista “artístico” interpretado pelo britânico Richard E. Grant, visto aqui em toda a glória de seu pitch, a tentativa de vender um roteiro ao establishment em poucas palavras, à mesa...
O escritor inglês Ian McEwan, uma das estrelas da edição 2004, estará de volta à Festa Literária Internacional de Paraty em 2012. “Se não será necessariamente ‘maior’ do que a criada em 2004, a expectativa com a vinda de McEwan para a Flip 2012 deve (…) ter um lastro ao mesmo tempo mais sólido e diverso”, diz o curador Miguel Conde, em post publicado hoje no site do evento, referindo-se ao fato de o autor, na épo...