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Download
A palavra é... / 23/10/2007

(E já que entramos no assunto…) Download é uma das palavras mais saidinhas que importamos do inglês nos últimos anos, membro da onipresente família informática. Diferentemente dos verbos “deletar” e “escanear”, porém, tem sido refratária ao aportuguesamento. Daunloude? O Google mostra que há quem force essa barra, mas a solução parece canhestra. Tal rebeldia está longe de ser alarmante. Se a regra é a adaptaç...

Radiohead e o Booker
NoMínimo / 22/10/2007

Compreensivelmente, o Radiohead fez muito mais barulho – com e sem trocadilho – ao liberar seu novo álbum na internet para quem quiser baixá-lo, ao preço que quiser pagar. Mas o Man Booker Prize também está dando sua contribuição para tornar 2007 um ano-marco na história da indústria cultural. O grande prêmio da ficção britânica, vencido na semana passada pela irlandesa Anne Enright, anunciou estar em negociação (em i...

Começos inesquecíveis: Luiz Vilela

Foi num sábado. Quero dizer que se não fosse num sábado talvez não tivesse acontecido. Porque sábado é um dia violento. Um dia em que as pessoas se sentem muito alegres ou muito tristes. Ele se sentiu muito triste. Se minha memória ainda merece confiança, é a primeira vez que uma abertura de conto vem parar nesta seção, normalmente dedicada a romances. Essas são as linhas iniciais de Num sábado, um dos 25 contos do livro ...

Cachações
NoMínimo / 18/10/2007

“Chega, vá!” é um grande argumento crítico-literário. O relato de Ivan Lessa sobre a troca de cachações (por enquanto apenas metafóricos) entre o escritor Martin Amis e o crítico literário Terry Eagleton, ambos ingleses, está impagável – mesmo porque o site da BBC Brasil é gratuito. Amis, que vai se firmando como o grande porta-voz mundial da islamofobia, foi apanhado pelo adversário de guarda, mais que baixa, nanica....

Dízimo
A palavra é... / 16/10/2007

O dízimo com que os fiéis alimentam a riqueza da Igreja Universal do bispo Edir Macedo – e que ajudou a tornar a TV Record vice-líder na guerra da audiência – é palavra antiguinha, presente no português desde o século 13, para uma prática de idade bíblica. Dízimo quer dizer a décima parte. É termo gêmeo de décimo, com o qual compartilha o ancestral latino decimus, mas, enquanto este é um derivado culto, dízimo é um ...

Relativizando o relativismo
NoMínimo / 15/10/2007

Meus alunos relativistas se sentem valorizados por uma teoria niveladora que põe sua banda de rock favorita em pé de igualdade com Bach e Mozart; mas repare como uma hierarquia qualitativa lhes volta correndo quando, em nome da coerência, você sugere que sua banda de rock favorita também não pode ser melhor que os Backstreet Boys (…). As velhas dicotomias entre o que é elitista e o que é popular, entre alta e baixa cultura...

Sobre o Nobel de Doris Lessing
NoMínimo / 12/10/2007

O leitor Pedro Santos me cobra uma palavra sobre o Nobel de Doris Lessing. Com razão. Nunca li a mulher, mas isso não é desculpa. Também nunca tinha lido Orhan Pamuk quando, há um ano, às 9h58 da manhã, comentei a notícia de seu Nobel. Sobre Doris Lessing, mesmo atrasado: além de parecer uma mulher de fibra, batuta, é uma escritora-escritora, para ficar na definição luxemburguiana, e isso é legal. Não gosto quando o Nobel ...

Birmânia/Mianmar
A palavra é... / 11/10/2007

Países soberanos têm o direito de trocar de nome e exigir que o mundo reforme seus idiomas para adaptá-los ao novo batismo? Antes de responder que sim, vale a pena examinar mais de perto esse rolo, tornado atual pela agitação política na Birmânia – ou seria melhor escrever, como tem feito a imprensa brasileira em peso, ex-Birmânia, atual Mianmar, Myanmar ou Mianmá? Se é justo que a autodeterminação dos povos inclua algum p...

Marcelo Rubens Paiva, alguém?
NoMínimo / 10/10/2007

A “Bravo!” deste mês se dedica à caça de um novo “romance de geração” na literatura brasileira. Em texto assinado por André Nigri, a revista pergunta quem seria o Marcelo Rubens Paiva dos novos tempos. E responde com alguns suspeitos carimbados: Daniel Galera, João Paulo Cuenca… Em seu blog, Marcelo Moutinho diz estranhar a analogia por um motivo, digamos, numérico. De fato, “Feliz ano velho”, de Paiva, vendeu ...

Começos esquecíveis (com um inesquecível no fim)
NoMínimo / 09/10/2007

Qual a melhor maneira de se começar um romance? Pergunta eterna, para a qual naturalmente não há resposta. Para um iniciante, o desafio é considerável: o original mandado pelo correio deve imperativamente chamar a atenção de um editor, desde as primeiras linhas, sob risco de terminar no grande cemitérios dos textos recusados. E, mesmo quando publicado, um primeiro romance não tem chance de ser notado por críticos literários, ...

Fio solto II
NoMínimo / 02/10/2007

A segunda edição se deve ao sucesso da primeira? Também, mas ainda a um imprevisto: passo aqui apenas para avisar que aquelas duas semanas de férias, que se encerrariam hoje, vão precisar virar três. Dia 9 de outubro eu volto. Até....

Fio solto
NoMínimo / 18/09/2007

Atendendo a pedidos: literatura, por favor. (Claro, o título é uma tradução mais ou menos livre de open thread. É que, na terra do Ancelmo Góis, open thread de Hello Kitty é… Bom, agora fui mesmo.)...

Bienal e… até breve
Posts / 17/09/2007

Como os leitores habituais terão reparado, o Todoprosa vem ameaçando há duas semanas virar um devezenquandário. Pois é: a idéia não é e nunca foi essa, mas a correria da vida pós-NoMínimo tem exigido adaptações. Para recuperar o fôlego, estou tirando duas semanas de férias. Deixo aqui, para quem se interessar, a agenda de minhas participações na Bienal do Rio: Sexta-feira, dia 21, às 18h, serei o mediador da mesa em que...

Decoro
A palavra é... / 14/09/2007

É mais fácil reconhecer um indecoroso de calças na mão do que fixar em letra fria o que é “decoro parlamentar” e aquilo que o ofende. A Constituição (artigo 5, inciso II) deixa a tarefa para o Legislativo, por meio de regimentos internos. Com sua dupla experiência de parlamentar e jurista, o gaúcho Paulo Brossard disse certa vez que “é mais fácil descrever situações que a configuram, do que definir o que seja falta de...

Começos inesquecíveis: Gabriel García Márquez

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Muitos anos depois, quando lhe perguntassem por que o começo de “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez (Record, tradução de Eliane Zagury), um dos mais inesquecíveis de quantos possam ser assim chamados, demorou tanto a figurar naquela inesquecível se...

Tamanho é ou não é?
NoMínimo / 05/09/2007

A vocação de todo microconto decente é crescer sem ser visto. Os personagens do microconto caminham de perfil. A tentação da piada é o cupim do microconto. Quanto mais breve pareça, mais lentamente se há de lê-lo. Não sou um fã da narrativa ultracurta, que nos últimos anos anda gozando de certa popularidade – parece que mais entre escritores do que entre leitores, mas popularidade de alguma forma. Gosto da concisão da pro...

Zebra
NoMínimo / 03/09/2007

Na primeira partida, uma espécie de clássico gaúcho apitado por Renata Miloni, “Por que sou gorda, mamãe?”, de Cíntia Moscovich, eliminou o favorito “Mãos de cavalo”, de Daniel Galera. Começou quente a Copa de Literatura Brasileira....