Lamento informar que uma emergência de família me interrompeu literalmente no meio a viagem para Parati. Pode ser – não garanto – que ainda dê um pulo até lá no fim de semana, mas pelo menos nos próximos dois dias é certo que o Todoprosa ficará em silêncio. Desculpem o anticlímax....
NoMínimo era uma das poucas provas de que ainda havia alguma inteligência nesse troço, nesse paisão aí. Foi-se. Acabou. Não tem mais. Como “fica para a próxima”? Como “até breve”? Então acham mesmo que há a possibilidade de uma entidade patrocinadora, de um anunciante esclarecido, vir a perceber que sem inteligência não vai acontecer coisíssima alguma nesse bostoso Bananão? Bem no meio desse merdejante mundo em que...
Leio no “Globo” que a procura pela Flip tem sido maior este ano porque o evento “reúne mais autores célebres do que nas edições anteriores”. Longe disso. Se a cidade anda mais superlotada do que o normal (daqui a algumas horas poderei julgar por minha conta), o próprio amadurecimento da festa na consciência do público será a razão mais provável. O fato é que, no mencionado quesito “celebridade”, o elenco de 2004 n...
Como pouquíssimos outros acontecimentos promovidos no Brasil, a Flip foi capaz de concentrar no mesmo espaço e em torno dos mesmos interesses parte significativa do capital econômico, político, social e cultural do país. Desde sua primeira edição, fez com que presidentes de banco, ministros de Estado e figuras de diversos segmentos da cultura vissem ali motivos suficientes para compensar o deslocamento e a pouca familiaridade com...
Para quem, como eu, já está de malas prontas (não esquecer os tênis mágicos, de solado resistente ao calçamento mais absurdo do planeta) para ir a Parati, eis um aperitivo. Para quem não vai, uma ótima oportunidade de estragar um pouco o prazer alheio, usufruindo de graça daquilo que outros estão comprando caro. Do ponto de vista estritamente literário, é inútil negar que a maior atração da Flip é o escritor sul-africano...
“Era uma sexta-feira chuvosa e triste quando…”, escreveu, e se deteve. Desde quando um clichê como aquele era um começo digno para o segundo volume? PS: Ops, começamos com problemas técnicos. Quem entrou ontem à meia-noite neste blog encontrou a casa muito mais arrumada. Um tufão de origem ainda desconhecida passou de madrugada, deixou tudo de pernas para o ar. Peço desculpas – e um pouco de paciência....
O Cânone – Documento misterioso (que ninguém jamais viu) idealizado (ninguém sabe quando) secretamente por uma conspiração (ninguém sabe onde) de pouquíssimos machos europeus mortos, a fim de ditar aquilo que todo mundo precisa ler. O divertido Dictionary of Fashionable Nonsense, glossário satírico do “pensamento” (perdão pelo substantivo impreciso) politicamente correto escrito pelo pessoal do ótimo site inglês Butter...
O palavrão aí de cima quer dizer que, com esta, foram publicadas 528 palavras – ou expressões – na coluna A Palavra É…, do extinto site “NoMínimo”, desde sua estréia, no dia 3 de novembro de 2004. Com o fim do “NoMínimo”, que saiu do ar no dia 30 de junho, encerrou-se também o ciclo d’A Palavra É… como coluna independente. Esses pequenos exercícios de crítica cultural baseada na líng...
Primeiro os finais, depois o encontro. A realidade que eu conhecera não mais existia. Bastava que a sra. Swann não chegasse exatamente igual e no mesmo momento que antes, para que a Avenida fosse outra. Os lugares que conhecemos não pertencem tampouco ao mundo do espaço, onde os situamos para maior facilidade. Não eram mais que uma delgada fatia no meio de impressões contíguas que formava...
O NoMínimo vira história – em todos os sentidos – dentro de poucos dias, mas a frase de Tom Stoppard não está aí em cima por acaso. O Todoprosa ficará no ar. Aguardem notícias de seu novo paradeiro. Não gosto de choradeira (não em público, pelo menos), mas não custa tentar corrigir algumas distorções na reta final. No fim de semana, pe...
Sou um homem de certa idade. A natureza das minhas ocupações, nestes últimos trinta anos, me levou a entrar permanentemente em contato com uma espécie de homens interessantes e um tanto singulares, da qual, que eu saiba, nada até agora se tem escrito: refiro-me aos copistas, escriturários ou escreventes a serviço de homens de leis. Conheci muitos, quer profissional quer particularmente, e...
É boa a temporada. Praticamente numa fornada única, a Companhia das Letras pôs nas livrarias novos títulos de três dos maiores autores de língua inglesa da atualidade. Logo depois de “Casa de encontros”, de Martin Amis, e colado em “Na praia”, de Ian McEwan, chega o romance “Homem lento”, de J.M. Coetzee, principal atração da iminente Flip (tradu&c...
O “caso JT Leroy” foi tão embaraçoso para o establishment literário em geral que acabou sendo muito menos discutido do que merece. Levantou-se uma orelha do tapete, varreu-se o assunto, uma pena. Vale aproveitar o fato de a confusão ter finalmente chegado aos tribunais na forma de uma acusação de fraude – leia a reportagem do “New York Times”, mediante cadastro grat...
…a minha impressão sugere que Raduan é um caso atípico de Bartleby. Seu silêncio literário aparentemente não se origina das tensões internas da modernidade literária, não veio de um drama autoral frente ao um desafio extremo, Raduan apenas se encaminhou para fora. A estranheza vem do nosso olhar, acostumados que estamos a descrições de “literatura co...
O título de cavaleiro que o governo britânico concedeu a Salman Rushdie no último sábado está provocando reações de profunda insatisfação em diversos países islâmicos. Nenhuma que chegue perto, no tom de ameaça aberta, destas palavras de Mohammed Ijaz ul-Haq, ministro de Assuntos Religiosos do governo do Paquistão, em discurso no parlamento: É...
Qualquer livro novo do inglês Ian McEwan é, hoje, um grande evento, que está para a literatura “séria” como o novo “Harry Potter” está para a literatura de entretenimento. Evidentemente, a comparação não se refere ao impacto quantitativo ou financeiro de cada um, mas ao nível de burburinho e inquietação que ambos geram em seus respectivos...
Outro dia falamos do assunto aqui, a propósito do divertido “trailer cinematográfico” do livro “A guerra dos bastardos”, de Ana Paula Maia (Língua Geral), uma das poucas iniciativas do gênero no Brasil. No site BookVideos.tv, ligado à editora Simon & Schuster, o barato é um pouco diferente, mais interessado em glamourizar autores e seduzir o leitor com uma espiada nos...