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O paradoxo do moleque no país do futebol
Futebol & literatura , Posts / 12/06/2013

Molecagem baiana. Capoeiragem pernambucana. Malandragem carioca. “Com esses resíduos”, escreveu o sociólogo Gilberto Freyre, autor de “Casa grande & senzala”, obra clássica sobre a formação da sociedade brasileira, “é que o futebol brasileiro afastou-se do bem ordenado original britânico para tornar-se a dança cheia de surpresas irracionais e de variações dionisíacas que é.” Atenção: o autor pernambucano n...

Como a Coreia do Norte salvou a arte alemã e outros links
Pelo mundo / 10/06/2013

Um fascinante artigo da Bloomberg Businessweek (em inglês, acesso gratuito) conta como um gigantesco ateliê norte-coreano de escultura e pintura em estilo realista-socialista, o Mansudae (que tem como principal cliente o próprio Estado, claro), foi a melhor opção da cidade de Frankfurt quando, há poucos anos, seus administradores decidiram reconstruir a Fonte do Conto de Fadas (foto), uma extravagância art noveau de 1910 que tinh...

Quando Dickens encontrou Morrissey no portão do cemitério
Pop de sexta / 07/06/2013

httpv://www.youtube.com/watch?v=F2Dy2n2H2qA Isso é Pop Literário de Sexta em sua forma mais acabada e essencial: um brilhante clipe de três minutos em que a vida e a obra do escritor inglês Charles Dickens (1812-1870) são resumidas numa canção pop que parodia o estilo dos Smiths (1982-1987), com destaque para o desempenho impagável do ator e músico Mathew Baynton como Dickens/Morrissey. O clipe foi produzido para um programa in...

O último Sobrescrito
Sobrescritos / 05/06/2013

“Lá fora espocam foguetes que choram lágrimas incandescentes”, ele escreveu. “Mas não choram mais que Maria Flor.” Assim terminava a redação de 1975 que nunca lhe saiu da memória. Tinha treze anos e sua presunção, como toda presunção, era feita metade de coisas sabidas – lágrimas metafóricas! o verbo espocar! – e metade de coisas rotundamente ignoradas. O atraso cósmico, por exemplo. Transformar a tarefa escolar...

Eagleton espanca Coetzee e Auster: só falta o Bono Vox
Pelo mundo / 03/06/2013

É uma ilusão romântica supor que escritores devem ter algo interessante a dizer sobre relações raciais, armas nucleares ou crises econômicas pelo simples fato de serem escritores. Não há nenhuma razão para presumir que romancistas ilustres como Paul Auster e J.M. Coetzee tenham uma visão mais sábia da conjuntura mundial do que um físico ou um neurocirurgião, algo que essa correspondência entre eles confirma de modo deprime...

Clássicos com capas cretinas, agora em versão ‘pulp’
Pop de sexta / 31/05/2013

Juro que não conhecia essa coleção, recém-lançada pela editora londrina Oldcastle Books, quando lancei aqui, há pouco menos de três semanas, a proposta meio séria e meio gozadora de reembalar clássicos da literatura brasileira em capas popularescas e apelativas – numa palavra, cretinas – como forma de atrair leitores fora do gueto literário. Os leitores do Todoprosa responderam com suas próprias e divertidas criações. A...

Literatura acima das nuvens e outros links
Pelo mundo / 29/05/2013

A Qantas, companhia aérea australiana, lançou um curioso programa (em inglês, acesso gratuito) de encomenda de livros de ficção e não-ficção para serem distribuídos em seus voos. Os tamanhos são variados como as rotas, mas a ideia é que o volume seja sempre lido entre a decolagem e o pouso. No cálculo, levou-se em conta que o leitor médio dá conta de algo entre duzentas e trezentas palavras por minuto. Os nomes dos autores...

Contra Gatsby: sobre a arte de jogar pedra nos clássicos
Pelo mundo / 27/05/2013

Em um ótimo artigo (em inglês) no blog de livros da “New Yorker”, Sam Sacks tenta recuar dois passos para falar em termos menos apaixonados – e mais historicamente fundamentados – da polêmica deflagrada pelo recente torpedo “Por que eu desprezo ‘O grande Gatsby’”, de Kathryn Schulz (em inglês, aqui). Na verdade, mais do que o artigo original e a onda de condenações que ele levantou, a principal motivação de Sacks...

Que cena! O pacto com o diabo em ‘Grande sertão’
Destaque , Que cena! / 24/05/2013

O título acima exige uma explicação. Não fica claro se o jagunço Riobaldo, narrador da obra-prima “Grande sertão: veredas”, publicada em 1956 pelo mineiro Guimarães Rosa, chega realmente a vender sua alma a Satanás. O que sabemos é que certa noite, transcorridos três quartos da narrativa, ele se dirige a um lugar ermo e sinistro até no nome, Veredas-Mortas, com tal intenção. A ideia é ganhar o poder que lhe falta para ...

Como Hilda Hilst virou Hilda Hilst, por Hilda Hilst
Vida literária / 22/05/2013

Foi assim: quando jovem, eu tinha uma vida muito tumultuada, turbulenta. Gostava muito das emoções. Gostava de me apaixonar muitas vezes (eu me apaixonei muitíssimas vezes). Gostava de viajar, essas coisas de que todo mundo gosta. Mas, aí, a vida foi ficando tão emotiva o tempo todo; aconteciam tantos dramas pessoais! Porque eu me apaixonava muito, mas, depois, me desapaixonava. Era uma coisa estranha. Às vezes a pessoa me via e d...

McEwan, Zadie e o limite de quinze palavras por dia
Vida literária / 20/05/2013

Entre as muitas delícias da longa entrevista (em inglês, acesso gratuito) que Zadie Smith fez com Ian McEwan em 2005, publicada pela revista The Believer, minha preferida aparece já no texto introdutório da autora de “Sobre a beleza”. Zadie conta que, ainda universitária e aspirante ao mundo das letras, foi levada por uma amiga enturmada à festa de casamento de McEwan, já então um escritor estabelecido (embora ela confesse q...

Esses leitores espertos e suas capas cretinas
Interatividade , Pop de sexta / 17/05/2013

Hoje o Pop Literário de Sexta fica por conta dos leitores do Todoprosa. A ideia foi lançada aqui na segunda-feira, baseada numa lista de capas horrorosas (reais) preparada pela Flavorwire: imaginar como seria se clássicos da literatura brasileira viessem embalados em capas cretinas, mas de grande apelo comercial. O pessoal pegou direitinho o espírito da coisa. Vinicius Linné lançou mão da boa e velha apelação sexual para vender...

‘A infância de Jesus’: o gesto primordial da literatura
Resenha / 15/05/2013

Em seu novo romance, “A infância de Jesus” (Companhia das Letras, tradução de José Rubens Siqueira, 304 páginas, R$ 44,00), J.M. Coetzee leva a investigação ética que sempre foi o principal motor de sua literatura a um plano de inédita rarefação. Descarnada e assumidamente alegórica desde o título, a narrativa desenha uma série de parábolas provisórias e inacabadas que se corrigem e se negam o tempo todo, recusando a...

Livros clássicos com capas cretinas: uma proposta
Vida literária / 13/05/2013

Não sei, mas acho que posso ter encontrado um jeito simples de aumentar os índices de leitura da população brasileira (clique na imagem para ter melhor resolução). A inspiração veio dessa seleção de piores capas de títulos famosos da literatura – sexistas, sensacionalistas, caras de pau, sem noção, comicamente literais ou todas as alternativas anteriores – feita pela Flavorwire. Atenção ao primeiríssimo lugar...

‘Temperamento imperatriz’: a revolução da spam-literatura
Sobrescritos / 10/05/2013

Recebi ontem, de um endereço comercial no Japão, este spam assombroso: Grandes meios, elementar ?? ??? bolsa desimpedido, sem muita modificação, feminilidade esplêndida flor, uma força aliada, é manifestar a propensão pessoal ??? ?? e bondade, ela pode imediatamente invertido o seu ???? ??? imagem. Modelagem atmosférica, queda de galante, este pep-se, não há pintura unblended, o simples primordial refere ainda, notar ser adep...

Quero ser lido em Marte e outros links
Pelo mundo / 08/05/2013

A notícia que começou a circular há alguns dias parece piada, mas não é. Trata-se apenas de um concurso literário do outro mundo: a Nasa, agência espacial americana, vai escolher três haicais num concurso de mensagens poéticas para Marte e gravá-los num DVD a ser levado ao Planeta Vermelho na missão Maven, com lançamento marcado para novembro (via Guardian). Como se sabe, haicai (também chamado haiku) é um poema de apenas ...

O jogo
Sobrescritos / 06/05/2013

Primeiro era o prazer infantil de pôr uma palavra depois da outra, encaixes de dominó. Depois que os encaixes em si perderam a graça, fáceis demais, veio a ambição de usar as sequências de peças para desenhar coisas no chão: bichos, casas, cidades. Ainda era uma ambição infantil, mas já continha o germe da fase seguinte, quando os desenhos começaram a parecer bobos, constrangedores, esquemáticos em sua bidimensionalidade d...