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Tchekhov, ‘comedido e dócil’, era o anti-Rimbaud
Pelo mundo / 07/11/2012

Esbarro duas vezes no mesmo dia com Anton Tchekhov (1860-1904), o grande dramaturgo e contista russo. No “Globo”, Ana Paula Sousa conta que o criador de “Tio Vânia” e “As três irmãs” é o autor mais montado da cena teatral londrina este ano. E na revista “The New Criterion”, um alentado artigo (em inglês) de Gary Saul Morson enfatiza as peculiaridades que o tornavam um escritor único no panorama da literatura russa ...

A polêmica Mann-Schoenberg ou a morte do escritor-deus
Pelo mundo / 05/11/2012

É imperdível este artigo que Enrique Vila-Matas publicou no “Babelia” em fevereiro deste ano – e que eu quase perdi. Resgatei-o por acaso, e como não se trata de matéria que envelheça tão facilmente, compartilho aqui o relato mordaz sobre a polêmica entre dois gigantes das artes do século 20, o escritor alemão Thomas Mann e o compositor austríaco Arnold Schoenberg, com o auxílio luxuoso de Theodor Adorno no papel de int...

Finados (mantra do escritor obcecado)
Sobrescritos / 02/11/2012

Cervantes morreu em 22 de abril de 1616. Shakespeare o acompanhou um dia depois, 23 de abril de 1616. Sterne R.I.P. em 18 de março de 1768. No século seguinte, também em março, dia 22, do ano de 1832: Goethe. Flaubert tinha então dez anos, e 58 ao parar de envelhecer, em 8 de maio de 1880. Machado foi fazer companhia a Brás Cubas no dia 29 de setembro de 1908. Mais dois anos e Tolstoi perdeu a guerra, tomara que para encontrar a p...

‘Literatura é o contrário de informação’
Pelo mundo / 31/10/2012

Nos estudos literários, e não só neles, as “humanidades digitais” têm sido um dos campos mais cheios de energia inovadora dos últimos anos. No instigante “A literatura vista de longe”, lançado no Brasil pela Arquipélago Editorial em 2008, o crítico italiano Franco Moretti, um dos pioneiros da área, aplica à história da literatura técnicas de análise quantitativa que até então sentiam-se mais confortáveis nas ciê...

DFW, o prolixo sintético, está entre nós
Resenha / 29/10/2012

Aqui vai mais uma historinha didática. Tem dois caras sentados num bar nas profundezas remotas do Alasca. Um dos caras é religioso, o outro é ateu, e eles estão discutindo a existência de Deus com aquela intensidade característica que surge lá pela quarta cerveja. Aí o ateu diz: “Olha, não é que me faltem motivos concretos para não acreditar em Deus. Não é como se eu nunca tivesse experimentado essas coisa toda de Deus e ...

Que cena! A Guerra do Paraguai de João Ubaldo
Destaque , Que cena! / 26/10/2012

“Viva o povo brasileiro”, obra-prima de João Ubaldo Ribeiro publicada em 1984, venceu a eleição que promovi em 2007 aqui no Todoprosa, perguntando a 50 escritores, críticos e editores qual era o mais importante título da ficção brasileira nos últimos 25 anos. Na época, apresentei esse romanção de 674 páginas como “épico mítico e irreverente da nacionalidade, com seu painel histórico abrangendo quatro séculos”, e ...

A identidade do jurado C e a polissemia da palavra
Vida literária / 24/10/2012

Em um belo trabalho de Paulo Werneck e Raquel Cozer, a “Folha de S.Paulo” revela hoje a identidade do “jurado C”, que com suas notas esdrúxulas decidiu sozinho os três vencedores do prêmio Jabuti de romance. Trata-se, segundo o jornal, do crítico literário Rodrigo Gurgel, colaborador do jornal “Rascunho” e autor do recém-lançado “Muita retórica – pouca literatura” (Vide). A manipulação do resultado ocorrida n...

Mais um atestado de óbito da literatura. Mas este é literário
Vida literária / 22/10/2012

Nu na banheira, encarando o abismo (um manifesto sobre o fim da literatura e dos manifestos) é o prolixo título de um ensaio apocalíptico de Lars Iyer publicado no 12º número da revista “serrote”, que chega às livrarias semana que vem. Trata-se aparentemente de mais um aborrecido atestado de óbito da literatura, como aqueles que críticos sem conta vêm emitindo – para um departamento onde logo lhe carimbam “arquive-se”...

Jabuti, o que será de ti?
Pop de sexta , Vida literária / 19/10/2012

Desta vez o prêmio Jabuti exagerou: a zebra que representou a vitória do estreante Oscar Nakasato na categoria romance, com “Nihonjin” (Benvirá), nem chegou a se impor como o que poderia ser – uma aposta corajosa e estimulante num autor novo, não apenas distante da glória oficial, mas praticamente desconhecido. Essa leitura otimista do resultado anunciado ontem em São Paulo foi imediatamente comprometida pelo fato de que Nak...

Grandes livros, críticos anões: uma seleção
Antologia / 17/10/2012

A crítica jornalística, já disse Antonio Candido, é uma atividade de alto risco. Avaliar com pressa e no calor da hora os méritos de uma obra literária, emitindo juízos que a posteridade terá tempo de sobra para julgar, confirmar ou revogar, é andar na corda bamba. Elogios rasgados a livros medíocres costumam ser esquecidos, mas o oposto disso, o pau firme em obras que depois se revelam imortais, garante uma ridícula espécie...

Frankfurt 2013: a passagem do bastão
Pelo mundo / 15/10/2012

O bastão de país homenageado da Feira do Livro de Frankfurt foi passado ontem, no encerramento da festa, pela representante da Nova Zelândia a Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional (foto), em cerimônia despojada. O vídeo completo, de uma hora e meia, pode ser visto aqui por quem estiver muito interessado (aviso que os primeiros minutos estão sem som). O escritor amazonense Milton Hatoum falou brevemente em nome da liter...

Leia um trecho de Mo Yan, Nobel de Literatura de 2012
Pelo mundo , Primeira mão / 11/10/2012

O chinês Mo Yan, que ganhou hoje o Nobel de Literatura, aparecia em todas as listas de favoritos – na preferência dos apostadores da casa londrina Ladbrokes, estava em quarto lugar –, mas isso não quer dizer que sua obra seja fartamente conhecida no Ocidente. Como quase todo mundo, saí correndo atrás de informações sobre o homem, que não tem nenhum livro lançado no Brasil e que, na loja do Kindle, conta com apenas um títul...

Nobel: façam suas apostas. Eu fiz a minha
Pelo mundo / 10/10/2012

O mundo britânico das apostas, que tem na Ladbrokes seu principal palácio, não entende nada de literatura. Mesmo assim, todo ano movimenta fortunas às vésperas do prêmio Nobel de literatura, que será anunciado amanhã. Os jogadores da Ladbrokes, vindos virtualmente dos quatro cantos do mundo, não precisam ter lido um único livro do japonês Haruki Murakami (foto) para levá-lo ao topo da lista de favoritos – que é, confortav...

Homenagem a Autran Dourado, ainda que tardia
Vida literária / 08/10/2012

Prêmios domésticos anunciados, Feira de Frankfurt à beira de começar, Nobel de literatura marcado para esta quinta, para mim não houve notícia literária mais importante enquanto eu estava de férias do que a morte, dia 30 de setembro, aos 86 anos, do escritor mineiro Autran Dourado. O autor de livros como “A barca dos homens”, “Ópera dos mortos” e “O risco do bordado” andava meio esquecido faz tempo. Como disse em um...

ATÉ BREVE
Posts / 24/09/2012

Sérgio Rodrigues está de férias. A coluna volta a ser atualizada no dia 8 de outubro....

Elmore Leonard chega à glória oficial. Melhor para ela
Pelo mundo / 21/09/2012

Fiquei muito feliz com a notícia (em inglês) de que o escritor americano Elmore Leonard, 86 anos, autor de um punhado dos melhores romances policiais e de faroeste de todos os tempos, vai receber a medalha da National Book Foundation pelo conjunto da obra, uma honraria que costuma ser abiscoitada por escritores mais “sérios” como John Updike, Gore Vidal e Toni Morrison. Além disso, a Library of America reunirá seus policiais em...

A inconcebível solidão de Salman Rushdie
Sobrescritos / 19/09/2012

Eu me descobri envolvido em algo que se pode chamar de evento histórico mundial. Pode-se dizer que foi um grande evento político e intelectual do nosso tempo, até mesmo um evento moral. Não a fatwa, mas a batalha contra o Islã radical, da qual essa foi apenas uma refrega. Têm sido levantados certos argumentos, até por pessoas de orientação liberal, que me parecem muito perigosos. Argumentos que são basicamente de relativismo c...